segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Otan já pensa na retirada do Afeganistão

Os ministros da Defesa da Otan apoiaram na sexta-feira a nova estratégia do general americano Stanley McChrystal para o Afeganistão, dirigida à criação de um exército e uma polícia afegãos capazes de assumir a segurança do país e assim permitir a retirada dos soldados aliados. "Começar a pensar em ceder a liderança da segurança" aos afegãos é como a apresentou o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen. Mas antes será preciso aumentar o número de tropas aliadas, dado que os ministros não quantificaram.

A nova estratégia de McChrystal, o chefe das forças aliadas no Afeganistão, passa por colocar os afegãos no centro da estratégia, tanto do ponto de vista civil (desenvolvimento, segurança, bem-estar, confiança no futuro) como militar: acabar com a ameaça terrorista da Al Qaeda, que se sustenta nas atividades armadas dos taleban. Em sua avaliação do problema, apresentada na sexta-feira pela primeira vez aos responsáveis de defesa da aliança, reunidos na capital eslovaca, Bratislava, McChrystal adverte que só resta um ano para abordar a situação no Afeganistão e pede entre 10 mil e 80 mil soldados adicionais para desenvolver uma estratégia vencedora, com 40 mil como cifra de compromisso.

No país asiático há hoje cerca de 100 mil soldados sob o guarda-chuva da Isaf (Força Internacional de Assistência à Segurança na sigla em inglês, dirigida pela Otan) e outros 35 mil americanos associados à Operação Liberdade Duradoura. O objetivo imediato é estabilizar de uma vez a situação e preparar em médio prazo cerca de 400 mil militares e policiais afegãos, suficientemente capacitados e equipados para assumir a segurança do país e substituir as forças internacionais. É o que no jargão aliado se decidiu chamar de Fase 4 do Plano Operacional, aprovada ontem pelos ministros. "Começar a pensar em ceder a liderança da segurança ao exército e à polícia afegãos", disse Rasmussen. Um período de transição que veria a Isaf reduzida a tarefas de apoio.

Adiantando-se aos que veem o princípio da futura retirada aliada, o secretário-geral explicou: "Não há acordo para ceder já essa liderança. Não há condições". Mas advertiu: "Não podemos nem devemos ficar na liderança indefinidamente".

A reunião de Bratislava não foi pensada para entrar em detalhes sobre forças adicionais, e não se falou nisso. Barack Obama nada disse sobre o particular e os aliados estão na expectativa, mas Robert Gates, o chefe do Pentágono, afirmou que "os EUA não têm intenção de deixar o Afeganistão nem de reduzir a missão". Rasmussen pediu aos ministros que apoiem com pessoal, equipamento e dinheiro os planos de formação do futuro exército afegão, e para adoçar a frustração de uma opinião pública que não vê o fim do túnel, fez contas: "Custa 50 vezes mais um soldado da Otan no Afeganistão do que um soldado afegão", por isso "investir agora em capacidade será fazer menos no futuro".

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